18 julho 2012

Lembrei-me que tenho um blog - e outras trivialidades

 E foi numa noite em que me senti derreter que me lembrei que tinha um blog (ou algo mais ou menos do género), que é basicamente um sítio onde posso vir escrevinhar cenas ou exorcizar demónios. Um pouco como um Ai, F#)@-$€! que se manda para o ar quando se bate com o dedo mindinho naquele móvel que sempre ali esteve e não se coíbe de nos lembrar disso de formas menos agradáveis.

 Nos (poucos) dias em que me lembrei que tinha este espaço, não me senti capaz de escrever algo de útil para a sociedade ou sequer merecedor de ocupar espaço virtual. Hoje sinto-me da mesma forma. (Inserir aqui expressão do norte que começa com o som "Sa", em substituição à palavra "Se", e acaba com o som "ôda", que leva um "f" antes para compor uma palavra.) Bah, há muito byte por aí sem nexo nenhum; cá vai o meu contributo. O que é que muda do dia de hoje para os outros dias em que me lembrei que tinha um blog? Estou a derreter. A derreter com o calor infernal que se faz sentir, irritada pelo som da ventoinha possivelmente uns anitos mais velha que eu, aborrecida por não ter feito nada de produtivo hoje (a não ser receber dinheiro e vê-lo escorrer imediatamente por entre os dedos para pagar as contas. É lindo de se ver. O meu estômago vira todo Nadia Comaneci no momento.)... mas demasiado mole para me importar devidamente com esta falta de produtividade. Deixo isso para amanhã ou depois, quando (ah!, há outra expressão tão boa para isto!) precisar de me mexer mesmo.

 Vamos lá ver se nestes dias de pouca companhia me viro para estas bandas, já que ainda tenho a mão direita inchada (graças a maratonas de estudo), o que me impede de fazer imensas coisas, desde escrever à mão a lavar a loiça decentemente.

 Portanto, vou só ali rever o filme "My girl" para testar ainda tenho hidratação suficiente para verter umas lagrimitas.

 Como uma grande amiga minha diz a toda a hora: Ai eu!

03 novembro 2011

Noite vegetariana na casa das 3 Marias



Vegetais salteados com ovo e gratinado de queijo e béchamel
(para 3 pessoas)

Ingredientes:

- azeite
- meia cebola grande
- meia courgette
- cogumelos laminados
- 4 ovos
- 1 cenoura
- 2 punhados de espinafres
- 1/4 de pimento vermelho
- molho béchamel
- queijo mozzarella
- sal e pimenta q.b.

Confecção:

 Numa frigideira (grande) anti-aderente, deita-se azeite suficiente para cobrir todo o fundo, junta-se a totalidade da cebola cortada em tiras fininhas e deixa-se alourar. Quando a cebola estiver molinha e transparente, junta-se a courgette cortada ás rodelas fininhas e os cogumelos laminados. Salteia-se a mistura em lume brando durante aproximadamente 5 minutos. Tempera-se com sal e pimenta a gosto. Entretanto, bate-se os ovos numa taça com um garfo, até se misturarem completamente, e junta-se a cenoura ralada. Acrescenta-se esta mistura e, logo de seguida, os espinafres cortados em tiras aos legumes já salteados na frigideira, envolve-se bem e transfere-se a mistura para um pirex que deverá ir ao forno (previamente aquecido a 180º). Assim que o ovo formar 'placa' retira-se o pirex do forno apenas para acrescentar uma camada fininha de béchamel e a mozzarella, devendo voltar ao forno para gratinar.

11 outubro 2011

Aquele momento especial em que nos permitimos sentir


 Tomei uma decisão: vou ao Psicólogo. É uma decisão que na minha ideia me faz uma pessoa maior. Admito que tenho assuntos por resolver, mágoas por exprimir e capítulos por fechar, e tudo isto se torna demasiado espaçoso para a minha mobília interior. Por defeito sou uma pessoa que guarda tudo, e gosto. Custa-me mesmo abdicar de algo e apego-me facilmente às 'coisas'. That's me. Mas no que toca a situações que ultrapassam a minha possibilidade de manejamento na altura em que acontecem ignoro-as. Faço de conta que não existem, não existiram e faço questão de ingorar que existirão. Defeito ou feitio, é assim que processo estas situações.
 Adiante; tomei esta decisão porque quero abrir espaço à pessoa adulta que me sinto tornar. Sim, esse tempo vem aí, sinto o passo em frente a menos de nada e quero por-me em ordem. Sempre me orgulhei de me conseguir distanciar de mim mesma, da minha posição ou da situação em questão, resolvê-la como 3º, regressar a mim e agir. Não que seja uma pessoa extremamente calculista, grande parte de mim reage tão espontaneamente que até a minha própria pessoa surpreende. Gosto das minhas dicotomias, entertêm-me (e ainda bem, porque me aborreço com facilidade).
 Tenho-me apercebido nos últimos 2 anos da modelação que estes pequenos traumas vivenciais têm operado na minha maneira de agir (e não, não digo maneira de ser) e, muito sinceramente não tenho espaço ou paciência para fantasmas, assuntos pendentes ou nuvens a pairar na minha atmosfera. E já permiti o desenrolar deste estado tempo demais; está na hora de arrumar a casa e as mangas estão arregaçadas.
 Ah, sim, estou a esquecer-me de uma parte importante nesta exposição a mim mesma, ao mundo, a quem aprouver... o porquê. Que caco de vidro arrumado para debaixo do tapete deu sinal de malícia? Diria mais o serviço de copos inteiro, já que nenhum deles fez o favor de ficar na prateleira, muito menos o obséquio de me permitir aspirar os cacos do seu antecessor. Deixando as minhas amadas metáforas de lado, o que aconteceu foi uma situação atrás da outra, sem me dar sequer tempo de respirar entre elas. Não quero que me entendam mal (quem quer que 'vocês' sejam), eu não reprimo tudo. Aliás, manifestações espontâneas de choro incontrolável tiveram a sua altura, berros e a pontual agressividade também nas situações que as mereceram. O que acontece é que, para além de não ter paciência para lidar com esses estados durante muito tempo, também não tenho resistência emocional que baste. Estar deprimida deprime-me. Toda esta forma de lidar até há bem pouco tempo resultava, até que deixou de o fazer. Tive a visita agradabilíssima dos meus 3 pesadelos recorrentes, outros originais (nas alturas de maior desconforto) e, depois de começar a dissociar os estados emocionais das situações em questão pelo tempo decorrido, ficaram as mazelas das reacções automáticas de rejeição de situações que me façam lembrar (remotamente que seja) dos traumazinhos de estimação. Isto traduz-se na intensificação da reacção à minha fobia, em comentários ou acções tensos e potencialmente agressivos, na quase extinção de uma paciência que desafiava a lógica humana, e outras reacções estranhas à minha pessoa o que, como devem calcular, me incomoda bastante.
 Assim, vou por-me nas mãos de um profissional, admitir que preciso de ajuda e preparar-me para dar as boas-vindas ao meu futuro de casa arrumada.
 E deste modo tosco ressuscitei o meu 2748757494º blog (valor aproximado), esperando que finalmente consiga ser fiel a ele, ver-me crescer e talvez, se estes registos forem encontrados por aguma alma penada que deambule à toa na blogosfera, inspire expire ou soluce alguma mudança, aceitação ou comichão. Estejam à vontade, eu também estarei.

06 abril 2010

Vícios e manias. Xadrez mental

 Desde pequena que tenho por hábito, ao deparar-me com um problema, um conflito, qualquer evento dessa natureza, abstrair-me, migrar para uma divisão à parte no meu interior, analisar a situação - prós e contras, o que resulta, o que não resulta... - e calcular todo e qualquer desfecho possível para cada opção que pondere. Qual jogo de xadrez, considero todas as minhas opções de jogo em qualquer direcção que me for permitida e todas as jogadas que daí possam advir do adversário. Foi um exercício que aprendi sozinha para evitar conflitos maiores (especialmente útil para saber como dizer à minha mãe aquilo que dito de outra maneira a faria gritar comigo). Essa 'defesa' evoluiu comigo e, sem eu própria dar conta, tornou-se uma característica vincada da minha personalidade, embora poucas pessoas consigam reparar. Posso mesmo dizer que me tornei tão boa neste exercício que o faço sem me dar conta e com rapidez tal que me permite agir como se não demorasse sequer um segundo a reflectir, mas dou por mim a ter extensos diálogos comigo própria em volta das minhas opções a cada momento.

 A maior parte das vezes, a minha jogada resulta exactamente como previ. A única coisa capaz de me distrair neste jogo é o amor. (Ah! O amor...) Distrai-me, sim. Faz-me agir por instinto, sem análise, sem ponderação. E quando o contra-ataque me surpreende sobre-analiso a situação. Sobrecarrego-me de tal maneira com 'E se...'s que perco a capacidade de abstracção e, como um novato ansioso, esforço-me para ler o pensamento da outra pessoa em entrelinhas que, por vezes, nem sequer traçou.
 Tenho feito um esforço para diminuir a intensidade desta minha mania. Tem resultado, mas nos últimos dias tive uma recaída, tudo porque o ambiente se tornou mais silencioso que o que estava habituada. Confesso: paranóia minha, muito provavelmente, embora não tenha percebido o que despoletou a mudança. Mas não me apetece analisar mais.


 Afastei-me do tabuleiro. É a tua vez de jogar.

23 fevereiro 2010

How can you describe a feeling?

"Um homem precisa de viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio tecto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver".
- Amyr Klink in "Mar sem fim: 360̊ ao redor da Antártica‎"


Há alturas em que devemos deixar o momento falar por si só...

19 fevereiro 2010

My Graduation Speech


A vida é feita de escolhas. Opções tomadas com maior ou menor ponderação por nós e pelas outras vidas à nossa volta. São esses os passos constantes que nos permitem desenhar o nosso percurso pelos inúmeros caminhos traçados à volta de nós mesmos. As caras que estão diante de mim hoje são as mais oportunas testemunhas do cruzamento em que nos encontramos. Graças a infindáveis escolhas, tanto as tomadas como as descartadas, caminhámos juntos neste trajecto das nossas vidas.

Aqui, nesta escola, as pessoas que conhecemos, as experiências que nos foram proporcionadas e as lições que aprendemos contribuíram solidamente para as pessoas que somos neste preciso momento. Este foi mais que um local de aprendizagem de conteúdos. Foi uma aprendizagem por si só, um palco de crescimento.

Mas, a partir de agora, o conforto da cumplicidade própria de quem caminhou lado a lado com as mesmas dúvidas e receios e partilhou alegrias, vontades e descobertas terá de dar lugar à nudez do individualismo. Avançamos para a vulnerabilidade da tentativa e erro com a vontade e a ousadia de dar o nosso próprio contributo para o mundo.
Assim, reunimo-nos aqui e agora professores, pais, amigos e colegas para celebrar, não fim de um caminho, mas sim a abertura de novos à nossa frente.


Bem-vindo, Futuro!